A ciência social como sucedâneo da religião
Ao longo dos nossos trabalhos temos afirmado a realidade de uma guerra ideológica entre o pensamento Deusista e o pensamento Materialista pelo controle dos corações e das mentes dos homens, com ambos utilizando-se de meios semelhantes, mas com propósitos antagônicos e excludentes. Os religiosos falam e praticam a paz (envolveram-se em guerras sempre em legítima defesa), enquanto os materialistas falam em paz, mas sempre praticaram a guerra-de-conquista, incluindo os comunistas).
Temos dito também que vivemos em um universo holomístico (teoria do universo holomístico) de modo que todas as ideias e ações humanas são essencialmente místicas, mesmo quando declaradas antimísticas (exemplos recentes: nazismo e comunismo). Assim, ao assumirem o poder os intelectuais materialistas passaram a ocupar os cargos e a exercerem as mesmas funções dos religiosos. Como sucedâneo da práxis religiosa criaram a práxis social; as ciências sociais. Senão, vejamos:
Qual o propósito social da religião? Podemos enumerar as finalidades sociais da religião como se segue: 1. explicar a origem dos problemas sociais; 2. propor soluções divinas para os problemas sociais; e 3. estabelecer a sociedade ideal. Ora, não será necessário grande esforço para que esses ideais sejam identificados com os ideais da Sociologia, a ciência-tronco e mãe das ciências sociais. Qual a função das ciências sociais; mais especificamente, da sociologia? 1. através do estudo das sociedades, identificar os problemas sociais e explicar suas causas; 2. propor soluções humanas — criadas pelos intelectuais seculares —, para os problemas sociais; e 3. estabelecer a sociedade ideal. Como se vê, trata-se dos mesmos ideais sociais da religião. Assim, as ciências sociais foram forjadas como um sucedâneo para a religião; foram criadas para resolver os mesmos problemas combatidos pela religião.
A partir desse momento começamos a descerrar o véu que encobre a face oculta das ciências sociais. Há um quê de mistério relacionado com sua natureza e seus propósitos. Seguramente, podemos afirmar que as ciências sociais surgiram para ocupar o espaço deixado pela exclusão forçada da religião. Os intelectuais seculares, materialistas e ateus substituíram os religiosos cristãos. Assumindo o poder com a Revolução Francesa pela violência, eles se tornaram os novos mentores e os novos educadores das sociedades republicanas, as democracias. Não precisamos nos aprofundar nos resultados dessa empreitada. Basta-nos verificar o índice de criminalidade e de degenerescência moral da Europa atual e compará-los com os índices da sociedade européia do século XVIII. Por que as sociedades se degeneraram tanto moralmente?
O jornalista e historiador americano Paul Johnson, em sua brilhante obra Os Intelectuais (Imago, 1990), nos dá uma resposta ao definir com precisão histórica os intelectuais seculares:
“Ao longo dos últimos 200 anos, a influência dos intelectuais vem crescendo regularmente. Na verdade, o surgimento do intelectual secular foi um fator decisivo para formar o mundo moderno. Visto de uma perspectiva histórica ampla, trata-se, em muitos aspectos, de um fenômeno novo. Não há dúvida de que desde suas primeiras encarnações como padres, escribas ou profetas, os intelectuais exigiram para si a tarefa de orientar a sociedade. Com o declínio do poder do clero no século XVIII, um novo tipo de mentor surgiu para preencher o vazio e conquistar os ouvidos da sociedade. O intelectual secular, mesmo sendo deísta, cético ou ateu, estava tão disposto quanto qualquer pontífice ou presbítero a dizer como os homens deviam agir diante dos problemas dessa sociedade. Desde o princípio, expressou uma devoção especial para com os interesses da humanidade e uma predestinação evangélica para fazê-los avançar graças a seu ensino. Deu a essa tarefa auto-imposta um sentido muito mais radical do que lhe tinham dado seus predecessores do clero. Não se sentiam limitados por nenhum corpus de uma religião revelada. A sabedoria coletiva do passado, o legado da tradição, os códigos prescritos por uma experiência ancestral existiam para ser seletivamente seguidos ou para ser completamente rejeitados, dependo apenas do bom senso de cada um. Pela primeira vez na história humana — e com uma arrogância e audácia crescentes —, os homens se diziam capazes de diagnosticar os males da sociedade e curá-los com sua inteligência auto-suficiente; mais diziam ser capazes de traçar um plano pelo qual não apenas a estrutura social, mas os hábitos básicos do ser humano podiam ser transformados para melhor. Ao contrário de seus antecessores sacerdotais, eles não eram servos intérpretes dos deuses; eram seus substitutos. O herói deles era Prometeu, que roubou o fogo celestial e o trouxe para a Terra.”
A essa descrição dos intelectuais seculares feita por Johnson nada há a acrescentar. Ele disse tudo. Em seu livro biográfico Johnson estuda a vida dos expoentes intelectuais da modernidade, entre os quais Rousseau, Marx, Tolstoi, Brecht, Russel, Sartre, entre outros, expondo o baixíssimo nível moral com que encaravam a vida real. Suas ideias e suas vidas pareciam coisas distintas. Johnson revela o falso humanismo de seus conselhos, com que cuidado analisaram os fatos e qual o grau de respeito que culminavam para com a verdade. Como praticavam em suas vidas íntimas os princípios que defenderam, qual a atitude com relação a seus filhos, cônjuges e amigos. Como se portaram com relação ao poder, a fama e o dinheiro? Johnson revela que os intelectuais ateístas, incluindo os cientistas ateus, não passaram de um engodo. Foram indivíduos mesquinhos, irresponsáveis e, muitas vezes, insanos, violentos e cruéis genocidas. E recorde-se: todos eles estavam alinhados com o ateísmo, modo de pensar e viver que ignora Deus como Criador do cosmos e fonte da consciência moral (valores responsáveis pela coesão e perpetuidade social), bem como a dimensão espiritual e o valor eterno do homem.
Parabéns por identificar exemplos que amplificam nosso entendimento do passado nos possibilitando sermos mais assertivos na reconstrução social.
ResponderExcluirEsse texto foi escrito pelo prof. Léo Villaverde.
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